28/10/2009

Obaluayiê



Obaoluwaye ou Omolu (os nomes se referem a fases da vida do Deus, mais jovem ou mais velho), é a energia que rege as pestes como a varíola, sarampo, catapora e outras doenças de pele. Ele representa o ponto de contato do homem (físico) com o mundo (a terra), a interface pele/ar, a aparência das coisas estranhas e a relação com elas. Ele também rege as doenças transmissíveis em geral. No aspecto positivo, ele rege ainda a cura, através da morte e do renascimento.
Diz o mito que Obaoluwaye é filho de Nanã (a lama primordial de que foram feitas as cabeças -oris- humanas) e Oxalá, tendo nascido cheio de feridas e marcas pelo corpo como sinal do erro cometido por ambos. Ao ver o filho feio e malformado, coberto de varíola, Nanã o abandonou à beira do mar, para que a maré cheia o levasse.
Iemanjá o encontrou quase morto e muito mordido pelos peixes, e tendo ficado com muita pena, cuidou dele até que ficasse curado. No entanto Obaoluwaye ficou marcado por cicatrizes em todo o corpo, e eram tão feias que o obrigavam a cobrir-se inteiramente com palhas. Não se via de Obaoluwaye senão suas pernas e braços, onde não fora tão atingido.
Aprendeu com Iemanjá e Oxalá como curar estas graves doenças. Assim cresceObaoluwaye, sempre coberto por palhas, escondendo-se das pessoas, taciturno e compenetrado, sempre sério e até mal-humorado.
Um dia, caminhando pelo mundo, sentiu fome e pediu às pessoas de uma aldeia por onde passava que lhe dessem comida e água. Mas as pessoas, assustadas com o homem coberto com palhas desde a cabeça, expulsaram-no da aldeia e não lhe deram nada.
Obaluaye, triste e angustiado saiu do povoado e continuou pelos arredores, observando as pessoas.
Durante este tempo os dias esquentaram, o sol queimou as plantações, as mulheres ficaram estéreis, as crianças cheias de varíola e os homens doentes. Acreditando que o desconhecido coberto de palha amaldiçoara o lugar, imploraram seu perdão e pediram que ele novamente pisasse na terra seca.
Ainda com fome e sede, Obaoluwaye atendeu ao pedido dos moradores do lugar e novamente entrou na aldeia, fazendo com que todo o mal acabasse. Então homens o alimentaram e lhe deram de beber, rendendo-lhe muitas homenagens.
Foi quando Obaoluwaye disse que jamais negassem alimento e água a quem quer fosse, tivesse a aparência que tivesse. E seguiu seu caminho. Chegando à sua terra, encontrou uma imensa festa dos Orixás. Como não se sentia bem entrando numa festa coberto de palhas, ficou observando pelas frestas da casa. Foi quando Iansã, a Deusa dos Ventos, o viu nesta situação e com seus ventos levantou as palhas, deixando que todos vissem um belo homem, já sem nenhuma marca, forte, cheio de energia e virilidade E dançou com ele pela noite adentro. A partir deste dia, Obaoluwaye e Iansã-Balé uniram-se contra o poder da morte, das doenças e dos espíritos dos mortos, evitando que desgraças aconteçam aos homens.

Este mito nos mostra que o mal existe, que ele pode ser curado, mas principalmente que é preciso ter consciência do momento em que ele terminou, sabendo recomeçar após um violento sofrimento.

Obaluwaye rege também a força da terra (herdado de sua filiação a Nanã), a umidade dela (por sua adoção por Iemanjá) e as doenças das plantações.
Cor: preto, vermelho e branco
Símbolo: xaxará (um tubo de palha trançada com sementes mágicas e segredos dentro)
Dia da semana: segunda-feira
Comida: pipoca e efó
Saudação: Atotô!
Personalidade dos Filhos de Obaoluwaye
Aspectos positivos:
Sério, honesto, econômico, responsável, curador, solidário, verdadeiro, amigo, corajoso.

Aspectos negativos:
Ranzinza, taciturno, pessimista, inseguro, vingativo.
Nunca estão totalmente satisfeitos, sempre querem mais...
Mesmo quando acham que tudo está contra eles, persistem em seus propósitos.
para os filhos de obaoluwaiyê importam os fins, não os meios. Aparentemente fortes, são na verdade frágeis e volúveis e, se sujeitam a rígidas disciplinas e regras morais.

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